Retratos Imorais traz as personagens Edmundo e Marivaldo, criadas por Ronaldo Correia de Brito, que compartilham em cena uma solidão conhecida por muitos, moradores de ilhas desertas e paisagens de aglomerados. São dois monólogos em um solo e as personagens são totalmente opostas, “dois homens desconhecidos, diferentes, cada um com a sua história”. Edmundo e Marivaldo se unem pelo fio invisível da poética nos avessos de duas almas, propositadamente abandonadas, no universo do absurdo da solidão humana. “Aos poucos, concluímos que existe algo de absurdo que os aproxima a solidão, a vontade de viver e de inventarem suas vidas”, pontua o intérprete. Edmundo, personagem da primeira história, aceitou o “emprego” de faroleiro numa ilha depois de uma desilusão amorosa. Revive o drama da afetividade, da masculinidade, do ser ou não aceito. Edmundo tem por obrigação acender um farol que deve guiar navegantes desconhecidos. Põe luz nas trevas, tenta clarear o escuro de si mesmo e dos outros. São retratos de contradições, opostos inexplicados, resíduos de marés, tempestades e anoiteceres. Marivaldo é um personagem não-binário e tem uma alma delicada tocada pelas memórias absurdas da mãe. Procura o seu encontro na pintura de retratos em fuligem de candeeiro. No Espaço Cultural da Barroquinha [dias 14 e 21]. Agende-se!!! Foto by Diney Araújo.
“Ambos são invenções, podem ser pressentidos ou imaginados. Ao elaborar seus retratos lhes roubamos a identidade ou os deixamos sem rostos. Reinventamos suas almas. Partilhamos solidões preenchidas por vazios e imagens reinventadas em intervalos poéticos”, explica João Guisande.
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